terça-feira, 21 de setembro de 2010

I Lobe You


O "I Love You" de House. Complicado, fragmentado, difícil.
Quem imaginou um começo sereno do relacionamento Huddy não conhece o médico.

"Boring"? Análise... análise.
"Isso não vai dar certo."
"O problema não é o Futuro, mas o Passado."
"Eu não mudarei."

O relacionamento entre House e Cuddy é profundo e não poderia ser diferente o início do namoro. Devaneios, divagações, dúvidas.
Foi estranho. Foi parado. Foi pensativo. Foi entediante em muitos momentos.

Mas foi romântico. Cuddy sente ternura e zelo por House. Eles não estão apaixonados. Eles se amam.
Para muitos, o amor é entediante. Para muitos, o seriado é apenas mais um entre vários.
Para mim, House M.D. é um espelho o qual reflete nossos problemas e defeitos.

Eu já amei alguém e não me relacionei por simples e miserável medo.
Eu já quis abrir um espumante com a técnica de Sabragem.
Eu já beijei a ferida de alguém, assim como já abri outra em alguns corações.
Eu já me fiz de boba para algumas pessoas como meio de manipulação.
Eu já me preocupei demasiadamente com um amigo.
House M.D. é um divã televisivo. Analise House e estará analisando você mesmo.

O vídeo promocional dos próximos episódios aparentemente revela um regresso do seriado às temporadas cujos casos médicos eram muito valorizados.
Acredito que haverá muita ação nos episódios e intensas complicações no relacionamento Huddy.

Foi uma Season Premiere previsível.
Em meio às risadas entre uma aparição e outra do neurocirurgião, de Wilson preso na janela, ou do enxaguatório bucal na banheira, é inevitável que os fãs mais sensíveis fiquem estranhos, parados, pensativos.

Afinal de contas, quem nunca se perguntou "E agora?"

terça-feira, 14 de setembro de 2010

O meu tempo de atendimento





Texto originalmente escrito em 10 de maio de 2009.

Eu trabalho voluntariamente no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) de Porto Alegre, pois estou trilhando meu caminho rumo ao sucesso profissional e principalmente pessoal.

Sempre desejei a área da saúde. Quando pequena, a Veterinária. Devido a percalços inerentes a esta vida maravilhosa cheia de surpresas, tornei-me Fisioterapeuta. Uma terapeuta do corpo físico, mas com sensibilidade suficiente para tratar também da alma dos pacientes.

Livros na estante, artigos científicos no computador, apostilas no armário. Estas são as ferramentas para exercer a técnica da minha profissão.
Sensibilidade, compaixão, altruísmo, dedicação. Estas são as ferramentas para exercer o Bem.

Subo e desço escadas em busca dos pacientes, leio prontuários e mentalmente elaboro o meu tratamento. O meu corpo físico cansa, mas a alma alimenta-se de cada história de vida naqueles leitos. Pessoas inocentes ou mesmo foras-da-lei, não importa. Todos somos seres humanos dotados de sentimentos.

É momento de ir ao encontro do paciente. Muitas vezes dói a garganta, os batimentos cardíacos aumentam, as mãos suam, as pernas tremem devido a um esforço enorme: conter as lágrimas. Crianças tetraplégicas, jovens vegetando em um leito, adultos com o rosto desfigurado por queimadura, idosos sedados respirando com ajuda de aparelhos...

(...)

Apresento-me, explico o porquê das técnicas utilizadas e começo o tratamento. Olhos nos olhos, mãos no paciente, um sorriso que conforta.

Na faculdade eu sempre fui advertida quanto ao tempo de atendimento. Eu me excedia. Ainda me excedo. Atualmente ninguém mais terá coragem de mudar o meu tempo com os pacientes. Protejo com unhas e dentes esse tempo precioso de troca de energia. É o meu momento com um outro ser humano necessitando de amor.

As pessoas estão muito preocupadas em subir e descer suas escadas da vida. Esquecem que entre um andar e outro há vida e outras pessoas necessitando de atenção e carinho.

Egoísmo, individualismo, preocupação. As ferramentas para deixar a alma adoecer.

O aperto de mão carinhoso dos pacientes lúcidos na UTI, o olhar brilhante das crianças, um abrir de olhos inesperado, o paciente que sai caminhando depois de meses internado, um abraço carinhoso e cheio de gratidão e aquele Obrigado em meio a lágrimas de felicidade...
... mostram-me que a vida é linda e cheia de belas surpresas.

Anti-ético deveria ser tratar as pessoas como corpos com órgãos amontoados e sem alma.

Transmitir Amor e Serenidade àqueles que mais necessitam, os enfermos, deveria ser uma Lei. A Lei da Vida...

Quero ser lembrada pelo meu dom nato de ajudar as pessoas quando eu morrer.
Este post foi o mais difícil de escrever, pois a cada frase... uma lágrima.

Obs.: a foto acima é de 2006, quando eu atendia um paciente muito especial, o Lucas. Visitem a página dele e do seu irmãozinho: http://amigosdelucaseleo.blogger.com.br